A verdade sobre você, sobre nós.



Ela olhava para mim e encarava meus olhos intensamente. Sorria de canto e então desviava o olhar. Volta e meia nossos olhos se encontravam, naquele dia não conseguia olhar para outra coisa que não fosse ela, seu sorriso largo e tão espontâneo que fazia meu coração acelerar dentro do peito. Quando pegava-me admirando, ela sorria e se encolhia no meu colo, toda aquela timidez dava um contraste perfeito com a menina mandona que era. Ela era uma ideia totalmente absurda para mim e eu um completo desavisado fui me enroscando em suas milhares de tentações. Fui me apegando a cada sorriso, a cada olhar, a cada curva, ao cheiro do cabelo. Eu já falei do olhar? Olhos castanhos que um dia me fizeram ser capaz de completamente tudo. Ah, que tolo! Dizia agora olhando para o espelho. Afinal, o que fizemos de nós? Eu não conseguia entender, eu sabia que seria assim desde o inicio e me sentia culpado. E repetia na frente do espelho. Sou um idiota, um idiota! É inútil tentar mudar alguma coisa agora, eu tracei o meu destino e sou o único culpado pela minha vida estar desse jeito. Se pudéssemos saber o que resultaria de cada escolha, mas não sabemos e tomamos atitudes por acharmos que é o certo. Vi uma lágrima cair do meu olho, eu sei, isso é patético. Homem não chora, não é mesmo? Cresci ouvindo isso. Mas é que tudo isso me dava medo e bem lá no fundo fazia falta. Eu sentia até falta da vitimização e dramatização que ela fazia sobre tudo e principalmente sobre mim e meus erros. Fazia falta quando ela me colocava como um monstro e cinco segundos depois estava se aninhando em mim. Eu sei que as queixas dela tinham fundamento e por diversas vezes estava certa em se fazer de vitima. Ela sempre estava certa. Ela estava certa de que eu nunca mais iria achar alguém tão maluca, sexy, brincalhona, dramática, paranoica como ela. Eu nunca mais iria me contentar com uma simples garota legal. Todas as outras passaram a ser apenas outras depois que a conheci e mesmo assim fui o mais cachorro do mundo com ela. Suspirei e lavei o rosto. Não tinha mais nada a se fazer.  E a verdade é que ninguém sabe a verdade sobre nós dois.


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